Limpeza étnica _ artigo do jornalista Mário Crespo

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Limpeza étnica _ artigo do jornalista Mário Crespo

Mensagempor renateves » agosto 25th, 2008, 4:14 pm

Limpeza étnica

O homem, jovem, movimentava-se num desespero agitado entre um grupo de mulheres vestidas de negro que ululavam lamentos. ‘Perdi tudo!’ ‘O que é que perdeu?’ perguntou-lhe um repórter.

‘Entraram-me em casa, espatifaram tudo. Levaram o plasma, o DVD a aparelhagem…’ Esta foi uma das esclarecedoras declarações dos auto desalojados da Quinta da Fonte. A imagem do absurdo em que a assistência social se tornou em Portugal fica clara quando é complementada com as informações do presidente da Câmara de Loures: uma elevadíssima percentagem da população do bairro recebe rendimento de inserção social e paga ‘quatro ou cinco euros de renda mensal’ pelas habitações camarárias. Dias depois, noutra reportagem outro jovem adulto mostrava a sua casa vandalizada, apontando a sala de onde tinham levado a TV e os DVD. A seguir, transtornadíssimo, ia ao que tinha sido o quarto dos filhos dizendo que ‘até a TV e a playstation das crianças’ lhe tinham roubado.

Neste país, tão cheio de dificuldades para quem tem rendimentos declarados, dinheiro público não pode continuar a ser desviado para sustentar predadores profissionais dos fundos constituídos em boa fé para atender a situações excepcionais de carência.

A culpa não é só de quem usufrui desses dinheiros. A principal responsabilidade destes desvios cai sobre os oportunismos políticos que à custa destas bizarras benesses, compraram votos de Norte a Sul. É inexplicável num país de economias domésticas esfrangalhadas por uma Euribor com freio nos dentes que há famílias que pagam ‘quatro ou cinco Euros de renda’ à câmara de Loures e no fim do mês recebem o rendimento social de inserção que, se habilmente requerido por um grupo familiar de cinco ou seis pessoas, atinge quantias muito acima do ordenado mínimo. É inaceitável que estes beneficiários de tudo e mais alguma coisa ainda querem que os seus T2 e T3 a ‘quatro ou cinco euros mensais’ lhes sejam dados em zonas ‘onde não haja pretos’. Não é o sistema em Portugal que marginaliza comunidades.

O sistema é que se tem vindo a alhear da realidade e da decência e agora é confrontado por elas em plena rua com manifestações de índole intoleravelmente racista e saraivadas de balas de grande calibre disparadas com impunidade. O país inteiro viu uma dezena de homens armados a fazer fogo na via pública. Não foram detidos embora sejam facilmente identificáveis. Pelo contrário. Do silêncio cúmplice do grupo de marginais sai eloquente uma mensagem de ameaça de contorno criminoso - ‘ou nos dão uma zona etnicamente limpa ou matamos.’

A resposta do Estado veio numa patética distribuição de flores a cabecilhas de gangs de traficantes e auto denominados representantes comunitários, entre os sorrisos da resignação embaraçada dos responsáveis autárquicos e do governo civil. Cá fora, no terreno, o único elemento que ainda nos separa da barbárie e da anarquia mantém na Quinta da Fonte uma guarda de 24 horas por dia com metralhadoras e coletes à prova de bala.

Provavelmente, enquanto arriscam a vida neste parque temático de incongruências socio-políticas, os defensores do que nos resta de ordem pensam que ganham menos que um desses agregados familiares de profissionais da extorsão e que o ordenado da PSP deste mês de Julho se vai ressentir outra vez da subida da Euribor.

Dá que falar... e muito! Infelizmente a verdade é essa... pura e crua.
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Re: Limpeza étnica _ artigo do jornalista Mário Crespo

Mensagempor f-fernandes » agosto 25th, 2008, 8:39 pm

Este texto diz tudo.

"- Parece que foi ontem que, ao que dizem, o meu Pai me "abandonava em cima de um monte de areia" enquanto bebia, descansado, com os amigos, a imperial de fim de tarde;
- parece que ainda ontem brincávamos, de "sol a sol", p'las ruas desta TERRA que me viu crescer, brincadeiras só interrompidas pelos gritos das nossas Mães chamando para a pausa das refeições;
- parece que foi ontem que, a pé, fazíamos o trajecto de ida e volta para a escola, sem necessidade de que nos fossem levar e buscar: e que, já "grandes", com 10 anos, partissemos para a aventura do ciclo - meio bilhete p'ra Sacavém - autónomos e à nossa sorte - sorte a nossa, sorte a dos nossos Pais;
- parece que foi ontem que, nos dias amenos de primavera, nas quentes noites de verão, os casais passeavam serenamente pelas ruas até altas horas da noite, enquanto nós prolongávamos a brincadeira como se não houvesse amanhã;
- e os cafés e colectividades se mantinham abertos até às mesmas horas;
- parece que, ainda ontem, eu conhecia pelo nome todos os habitantes da MINHA TERRA e todos me conheciam a mim.
Não vai realmente há muito tempo que, quando nos perguntavam: - "Onde moras?" - recebíamos, perante a resposta, rostos de interrogação, como se tivesse dito Marte em vez do nome da MINHA TERRA, plantada 3 kms a norte de Lisboa.
Valha-nos isso, pelo menos: hoje toda a gente conhece a MINHA TERRA! Basta dizer: "- Moro na Apelação." - e a resposta sai, invariavelmente, célere: "- Foda-se! Moras na Apelação?"
No passado fim de semana, uma vez mais, em todas as televisões, notícia de abertura dos telejornais, reportagens em directo, entrevistas ao Presidente da Junta, ao dono de um café que nunca mais o vai conseguir vender - porque, ali, ninguém lho compra - à senhora que "coitados dos rapazes, só incendiaram um carro e partiram mais 4 à pedrada: os polícias é que entraram à bruta", e aos miúdos que já hoje se juntam para roubar outros miúdos da sua idade, em formação para, em breve, substituirem os que hoje colocam a MINHA TERRA nas parangonas dos jornais.
Porque, há uma dezena de anos, contra todas as regras que anos e anos de experiência em realojamentos - não só em Portugal como no estrangeiro (vide França) - o poder político, aqueles que, supostamente, elegemos para servir e defender com competência os interesses de todos os cidadãos, pegaram num "Gueto" e plantaram-no, inteirinho, na MINHA TERRA, em vez de aproveitar a ocasião para reintegrar esta gente, em grupos pequenos espalhados por vários locais;
porque era necessário requalificar com rapidez as áreas envolventes da EXPO 98;
porque este poder político, politicamente correcto com as minorias étnicas - cuja imagem explora e "acarinha" nos períodos eleitorais - resolve desta forma estes problemas para que estes problemas não sejam colocados às portas das suas casas.
E a revolta instala-se porque, hoje, na MINHA TERRA:
- as crianças têm medo de ir à escola porque são agredidas;
- os velhos - e já não são só os velhos - são assaltados em pleno dia, privados dos já parcos recursos que as suas reformas permitem;
- a propriedade privada é frequentemente vandalizada;
- os cafés fecham cada vez mais próximo do entardecer;
- as pessoas evitam sair depois das 21h00;
- a utilização dos transportes públicos é como a Roleta Russa: a viagem vai ser tranquila ou temos de novo desacatos?
Não sei o que, neste momento, será possível fazer para restituir um pouco da tranquilidade e da qualidade de vida que me habituei a ter às portas de Lisboa:
Sei que, aos meus filhos, já não vai ser possível crescer como eu cresci na MINHA TERRA, apenas preocupados em ser crianças, com tudo o que isso significa.
Azar o deles, azar o meu..."

Nada do que se viu é novidade ou inédito a não ser o facto de ter sido em pleno dia e registado em imagens.
Assim, os portugueses podem ver com os seus olhos o que são os tão apregoados “benefícios” da imigração, bem como a bomba-relógio resultante dos gangues surgidos a partir dessa tal imigração casas dadas e rendimentos de inserção social, tão “vantajosa”.


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